Delícia de curau de milho verde, quente!

26/09/2017 19:42

                Já ouvi dizer que comer curau de milho verde quente dá uma “dorzinha” de barriga, mas nunca imaginei que o negócio fosse tão intenso assim!

                Então! Final de semana, e a esposa resolve fazer um curau de milho. Adoro curau e tudo que é comida de milho, pamonha, hummmm!!! que delícia. Eu tinha que levar meu filho para o ensaio da banda e estava doido para comer o tal curau! Ohhhh! Coisinha demorada sô! Filho enchendo o saco pra ir logo e o tal curau nada de ficar pronto.

                Estava de saída quando a esposa grita! – Curau tá pronto! Fui correndo pra cozinha para deliciar o bendito curau! A mulher: – Calma criatura! Pode comer curau quente não! Tem que esfriar! – É o que? Tem nada disso não! Coloquei logo uma boa quantidade no prato! E engoli radinho porque estava atrasado! Quando terminei de comer, imediatamente (funciono assim, rápido!) a barriga deu um sinal, tipo: “Atenção: Reação digestiva irregular! Requer repouso e estabilização no vaso sanitário.” Não dei muita atenção ao aviso do organismo e saí correndo pra levar meu filho para o compromisso!

                Foi só entrar no carro e a barriga deu aquela “colicazinha” básica! Pensei... Né nada não, no máximo um peido caladinho! Você sabe... Aquele que ninguém ouve, mas você sabe que vai subir um calor pelas costas azedando todo o ambiente! Segurei! Afinal tinha que pegar uma amiga do João e o carro não iria ficar nada agradável!

                Me ajeitei no assento, procurando desviar os gases do caladinho para as costelas! Mas ai veio outra pontada! Deu uma torcida na tripa fina! Uiiii... Coloquei a mão na barriga e outra apertando a fronte! Arrumando forças para segurar aquele caladinho! O João disse: – Pai! Tá tudo bem? O Senhor ficou verde! Tá suando! – Tranquilo filho! Uma colicazinha de nada! Mas é melhor você ir dirigindo! Aproveitei que saí do carro pra tocar de motorista e pensei... Vou soltar o caladinho lá fora! Dou duas voltas em volta do carro para despistar ele e tá tranquilo! Meu amigo leitor!!! Quando pensei em soltar o danado! Percebi que ele ia sair acompanhado! Já tinha se transformado em nível 5. Sim, tenho uma teoria que os peidos têm 5 níveis:

                  Nível 1: Aquele que sai simplesmente sem barulho e nenhum esforço.  Nem fede! Chamado de peido de moça.

                  Nível 2: Parecido com o nível 1 mas requer um pouco de esforço pra soltar, geralmente quando saí é apertadinho e tem um barulhinho fininho como um apito! Fede um pouquinho, porque não tem potencial!

                  Nível 3: Esse já é encorpado! Tem volume e às vezes saí sem você conseguir segurar. Atrevido! Passa vergonha na gente! Fede bastante e impregna na roupa do dono e das pessoas a sua volta! Esse nível é muito perigoso quando soltado no elevador! É daqueles que na maioria das vezes você pensa: Meu Deus o que foi que eu comi!

                 Nível 4: Esse tem vontade própria, mesmo você não querendo ele vai sair e faz um escândalo! Até os vizinhos sabem que ele saiu! Vem sempre acompanhado com a família toda! Então ele vem abre caminho e vem logo em seguida seus filhos, azeda o ambiente! Geralmente combina com os gases daquela pimenta que você comeu e sai queimando! Como são vários em seguida é comum você achar que já acabou e ai vem o atrasado! Carregando toda a fedentina da família! Aproveita demais dos bêbados e fazem a festa!

                Nível 5: Finalmente chegamos ao nível máximo, este nem poderia estar na categoria de peido, porque sempre está acompanhado de algo sólido! Sempre deixa um rastro na cueca ou calcinha e aí já viu! Chamamos de peido molhado! Ou apelidado de “Nó caguei!”.

                Então voltando ao aperto! Segurei o danado porque para soltar um nível cinco o cara tem que estar sozinho e com a autoestima lá em cima!

                João dirigindo... Já era um alívio, nesta altura do campeonato já estava com as pernas cruzadas e segurando o “puta que pariu” para não ter nenhum solavanco! Só falei! Vai devagar. (Confiante que iria conseguir controlar a situação!) Cada pequeno balanço do carro, outras reações químicas eram produzidas dentro do meu ser e as pontadas pareciam um ataque de piranhas famintas no meu estômago! Tive que colocar meu orgulho de lado e me render aquele mostro que estava se formando dentro de mim!

                – Filho dá não! Pode voltar, mas pode ir bem devagar! Sem pressa. Vou conseguir o equilíbrio mental e espiritual para não fazer merda! Prometo!

                A cada tentativa de mudança de posição, visando conseguir forças para trancar, era como se multiplicassem os ataques! Estávamos chegando e eu só imaginado como seria subir as escadas! Mas, enfim, vamos com fé. Uma luta por vez, assim vamos conseguir vencer a batalha!

                Enfim chegamos! Desci do carro como uma gestante de nove meses! Bem devagar e me apoiando e a cada arrepio e calafrio vinham as contrações, eu pensava! Agora vai nascer!

                Meu filho já irritado com o atraso, só falava: – Vai logo Pai! Enrola não! Ele não sabia a batalha que eu estava travando naquele momento com os meus movimentos peristálticos! ( https://www.infoescola.com/sistema-digestivo/movimentos-peristalticos/ )

                Consegui chegar até a entrada principal! Com a mente concentrada nas contrações e controlando a sanidade mental, digitei a senha da porta errada! PQP... Só me faltava isso! Estava tremendo e suando frio! Não tinha coordenação motora para digitar a senha! Gritei meu filho usando as últimas forças pulmonares. Ele veio correndo e abriu a porta! Comecei a subida das escadas! Estava mais confiante, afinal se não conseguisse segurar, já estava em ambiente familiar! No segundo lance de escada, ouço barulho do meu vizinho descendo com toda a família e os cachorros! Busquei forças com toda a minha fé para ficar ereto e disfarçar meu martírio! Tomara que o cachorro não pule em mim para brincar! Passarem por mim direto, ainda bem! Meu vizinho só perguntou: – Tá tudo bem Seu Zé? Respondi apenas com um sinal de positivo!

                Enfim, romperam-se as escadas, agora só faltava entrar, me livrar da bermuda e sentar no trono de Zeus! Porta trancada! Esposa e neto já haviam saído! Minha vista escureceu e comecei a ficar tonto, quando lembrei que as chaves estavam no chaveiro do carro! Consegui mandar um WhatsApp para o João bem direto e claro! “Depressa... Chaves de casa! Estou desfalecendo...” e o João responde: “Pohaa! Ainda Pai.” Pensei! Não tenho forças para matar ele agora! Tenho uma missão mais importante no momento!

                Abriu a porta e eu saí atropelando tudo pela frente! Brinquedos do neto! Caixa da Natura, cachorros, revistas da Demillus e outros obstáculos até chegar ao trono sagrado!

                Finalmente sentei no trono e me entreguei à vontade daquele ser maligno que estava me consumindo! Esse processo de alívio exige uma história a parte para relatar! Mas resumindo, nunca imaginei que um simples curau quente iria iniciar uma luta à minha sanidade mental e física! Então isso é um alerta! Muito cuidado com o curau quente! Se quiser comer, faça sentado no trono!